5ª Semana de arte urbana — plano de fuga
Exposição coletiva realizada no Sesi/AML Londrina com curadoria de Carol Sanches. Presença dos artistas convidados Alexandre Makiolke, Camila Melara, Carolina Moraes, Coletivo Caroço, Edson Vieira, Elke Coelho, Gabriel Bonfim, Karina Rampazzo, Maikon Nery, Pablo Blanco, Priscila Johnson, Silfarlem Oliveira e Thais Arcangelo. 
Para a criação da sequência Ilha (território), o conceito de migração tem forte influências. As migrações pelo mundo foram sempre frequentes e ajudaram a configurar o contemporâneo tal qual conhecemos. Os entre guerras, pós-guerras, conflitos, golpes, desacordos e até mudanças climáticas, forçam povos a circularem por outros lugares movimentando culturas inteiras. Somos todos constituídos por esta força de êxito, transpondo nossa identidade e reconhecimento para diferentes territórios. Embora essa consciência sempre tenha existido, ações xenofóbicas se misturam entre ações inclusivas por todo mundo. A Europa se abstém, os EUA se protege, o Brasil se divide e, diariamente imagens materializam os discursos mais temerosos de ódio e preconceito. Tema forte e delicado ao mesmo tempo.
A sequência surgiu em um gesto do acaso. Páginas de um caderno de desenho foram arrancadas violentamente. Desdobradas formam elementos espaciais por entre a dobra do papel. Com pouco esforço, um horizonte se forma e demarca precariamente o que pode ser a divisão entre céu e mar. Ainda nas representações, entre estes dois espaços, os rasgados do papel também são elementos e continuando o exercício imaginativo, um arquipélago é encontrado. O buraco é corpo e configura lugar. A mão segura o papel e planeja a viagem para a ilha mais próxima. No trajeto ficamos cada vez mais longe de nós mesmo. A presença do corpo indicada pela mão é interrompida e ainda, conforme avançamos, o que parecia terra se transfigura em vazio novamente. A narrativa se estabelece pela ordem das imagens e reforça a ideia poética do não-lugar.
Pela ausência de si e da configuração que nunca existiu, a ilha se torna a utópica vaidade dos territórios geográficos e políticos. Uma metáfora construída com papel, gesto e fotografia.
Curadoria de Carolina Sanches — Plano de Fuga, 2019.
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